segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Endometriose pode ser diagnosticada sem cirurgia

Foi desenvolvido um Novo meio de Diagnóstico para a Endometriose (crescimento de células de tecido endometrial fora do útero) que evita a cirurgia, de acordo com um estudo publicado na revista "Human Reproduction".

Actualmente, a cirurgia laparoscópica é considerada o único meio eficaz de diagnóstico precoce da doença. A outra opção o ultra-som tem apenas a capacidade de identificar os casos mais avançados. Contudo, estima-se que 30 a 40% das cirurgias não confirmem o diagnóstico, o que demonstra a ineficácia deste meio invasivo.

A nova técnica, desenvolvida por uma equipa liderada por Moamar Al-Jefout, da Sydney Medical School, na Austrália, consiste em colher pequenos fragmentos do endométrio (tecido que reveste o útero) durante um exame ginecológico normal, no consultório, sem a necessidade de anestesia (é administrado apenas um analgésico oral). Em seguida, o tecido colhido é enviado para laboratório, onde se procede à pesquisa da presença de fibras nervosas.

O estudo realizado com 99 mulheres concluiu ser possível fazer o diagnóstico através deste novo método, com uma precisão de quase 100%. Refere a investigação que 64 das mulheres que tiveram a doença confirmada através de cirurgia também apresentaram positivo no teste de pesquisa de fibras nervosas.

Deste modo, reforçam os cientistas, este método irá ajudar os médicos a realizarem uma melhor triagem das suas pacientes e irá evitar as cirurgias desnecessárias.

Fonte: Estudo publicado na revista "Human Reproduction"

25 Agosto 2009

DIU Pode ser utilizado para tratar Cancro do Endométrio

O Dispositivo Intra-Uterino (DIU), para além de ser considerado um meio contraceptivo pode ser utilizado como tratamento para mulheres que estão nas fases iniciais do cancro do endométrio, refere um estudo publicado na revista “Annals of Oncology”.

Trata-se do primeiro ensaio clínico a testar o DIU como tratamento contra este tipo de cancro, o sexto mais comum entre as mulheres em todo o mundo.

O tratamento mais utilizado é a histerectomia total com a remoção do útero e dos ovários, resultando na perda definitiva da fertilidade. A maioria das mulheres desenvolve cancro do endométrio após os 40 anos de idade, mas cerca de 3 a 5% dos casos ocorrem em mulheres mais jovens.

Neste estudo, investigadores do Instituto Europeu de Oncologia, em Milão, Itália, testaram o tratamento em mulheres com menos de 40 anos, entre 1996 e 2006. Usaram o DIU que liberta a hormona progesterona levonorgestrel, combinado com uma injecção mensal da hormona gonadotropina GnRH durante seis meses. Enquanto o levonorgestrel inibe o crescimento de uma das camadas do útero, a GnRH inibe a produção de estrogénio, uma hormona que promove o crescimento do cancro do endométrio.

Do grupo de pacientes, 20 sofriam de hiperplasia endometrial atípica (um precursor do cancro do endométrio) enquanto 14 das mulheres estavam numa fase inicial do cancro do endométrio, presente apenas na camada interna do útero, o endométrio.

O tratamento foi eficaz e, em alguns casos, fez com que o cancro regredisse completamente. Após um ano de tratamento, 19 das pacientes (95%) com hiperplasia endometrial atípica não mostraram sinais da doença, mas 4 precisaram de ser tratadas novamente. Das 14 mulheres com cancro do endométrio, 8 (57%) apresentaram remissão completa em seis meses, no entanto 4 apresentaram progressão da doença.

As mulheres que responderam bem ao tratamento (ou seja, o cancro não voltou a aparecer, nem cresceu) foram autorizadas a remover o DIU um ano após o tratamento e puderam planear uma gravidez. Das 34 mulheres, 9 conseguiram engravidar, algumas mais que uma vez. Todas as participantes ainda estavam vivas no final do estudo, 10 anos depois.

Os investigadores vão avançar para novos estudos, com o objectivo de saberem por que é que o tratamento funciona melhor para algumas pessoas.

Os cientistas sugerem também que os marcadores genéticos (ao apresentarem uma mutação genética específica do cancro) podem ser capazes de identificar quais os pacientes que responderão bem ao tratamento com o DIU.

Estudo publicado nos “Annals of Oncology”

06 Out 2010



NEWS Infertilidade: Tratamentos na Maternidade Alfredo da Costa interrompidos

As mulheres que estão a fazer tratamentos de infertilidade pela segunda vez este ano na Maternidade Alfredo da Costa (MAC) estão a ver o processo “brutalmente” interrompido por determinação da tutela, mesmo aquelas que já receberam várias injecções hormonais.

A situação está a revoltar dezenas de casais que, após esperarem por um tratamento, em certos casos durante anos, e depois do primeiro não dar certo, estão a ser impedidos de concretizar um segundo.

É o caso de Susana Pereira, 32 anos, que na sexta-feira foi à MAC para realizar uma ecografia de monitorização do tratamento, quando já tinha tomado 12 injecções hormonais. Fez as análises de rotina e já prestes a despir-se para a ecografia de monitorização dos ovários foi informada de que estavam a cancelar os tratamentos e que já não ia concretizar o seu. “Disseram-me que não podia fazer o tratamento, porque era o segundo este ano e havia uma norma a determinar que o segundo ciclo não ia ser pago”, explicou.

A norma em causa é da Administração Central de Sistemas de Saúde (ACSS), de 12 de Agosto, e determina que, para 2010, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) financia “um ciclo de tratamento de segunda linha, fertilização in vitro ou injecção intra-citoplasmática de espermatozóide para cada caso/casal”.

Por causa desta circular, a que a agência Lusa teve acesso, todas as mulheres que se encontram a ser submetidas a um segundo tratamento terão de esperar por 2011.

Tal não acontecerá para as que completam 40 anos em 2010 e que, por causa da idade, já não poderão ser admitidas em 2011. Para estas, a hipótese de um tratamento no sector público acabou.

Para 2011, o SNS assumirá o pagamento até três ciclos de técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA) de segunda linha.

A Associação Portuguesa de Fertilidade (APF) diz estar a receber inúmeras queixas de casais que estavam a realizar tratamentos e ficam a saber que já não poderão concretizar o ciclo. Tal como Susana Pereira, este “anúncio brutal” está a desesperar muitas mulheres, denunciou à Lusa a dirigente da APF Filomena Gonçalves.

“Além do investimento financeiro, pois esses casais já investiram dinheiro na medicação, existe um investimento emocional que é defraudado”. Filomena Gonçalves sublinha que “estes casais, depois de esperarem tanto tempo para vencer a infertilidade, já estão formatados para fazer o tratamento e agarrados à esperança de engravidar”.

A APF está disposta a lutar por estes casais e garante que, depois de questionar a MAC, irá pedir satisfações à tutela.

Junto da MAC a Lusa não encontrou até ao momento ninguém da administração disponível para falar.

Lisa Vicente, chefe da Divisão de Saúde Reprodutiva da Direcção-Geral de Saúde, explicou que a realização de um único ciclo de tratamentos já tinha sido determinada pela ministra da Saúde, Ana Jorge. O que está a acontecer, sublinhou, é apenas “o cumprimento das regras”, já que “os serviços sabiam desta situação”.

Alguns médicos da MAC, que solicitaram o anonimato, disseram à Lusa que apesar deste anúncio da ministra, aguardavam por uma concretização “no papel”, o que aconteceu agora com a circular da ACSS.

O Governo tinha aumentado, em Abril de 2009, o apoio aos casais que precisassem de tratamentos de fertilidade, aumentando a comparticipação dos medicamentos necessários de 37 para 69 por cento e o encaminhamento dos casais em lista de espera no público para clínicas privadas. A medida foi uma das grandes apostas do executivo Sócrates para a saúde em 2009.

A comparticipação dos tratamentos estendia-se então a dois ciclos de tratamento, algo que já tinha sido criticado na altura pela Associação Portuguesa de Fertilidade, uma vez que a maioria dos casais precisa de três ciclos de tratamento para conseguir engravidar.

Fonte: LUSA 11 de Outubro de 2010



sábado, 9 de outubro de 2010

Relação entre os Níveis da Hormona Anti Mülleriana (HMA) e o Sangue

Uma equipa de médicos holandeses descobriu uma relação entre os níveis da Hormona Anti Mülleriana (HMA) e o sangue, durante a menopausa, o que vai permitir conhecer com exactidão o relógio biológico da mulher.
 
Esta é a conclusão de um estudo realizado por investigadores do Centro Médico da Universidade de Utrecht, na Holanda, publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.
 
Embora os dados do estudo ainda devam ser confirmados, esta descoberta irá permitir às mulheres conhecer a sua idade reprodutiva e planear a sua gravidez, afirmou Jeroen van Disseldorp, co-autor do estudo realizado em parceria com Frank Broekmans.
 
Segundo este "Acreditamos que agora será possível prever a idade reprodutiva da mulher a nível mundial", declarou Van Disseldorp, adiantando que a margem de erro é de cerca de seis meses, sendo o teste uma simples análise ao sangue.
 
Actualmente, a idade cronológica é a base para a determinação da idade fértil da mulher, estimando-se que a menopausa possa ocorrer entre os 40 e os 60 anos.
 
Segundo o estudo, os níveis de HMA no sangue reflectem o número de pequenos folículos nos ovários, que permitem a reprodução mediante a ovulação mensal. O esgotamento desses folículos desencadeia a menopausa.
 
"Os casais atrasam frequentemente a gravidez até depois dos 30 anos, mesmo quando a variação da idade da menopausa e a correspondente variação na fertilidade natural signifique que algumas mulheres possam ser estéreis aos 30 anos, adiantaram Van Disseldorp e Broekmans.
 
Neste estudo os investigadores mediram os níveis de HMA em 144 mulheres saudáveis em idade fértil e utilizaram os dados para calcular a média dessa hormona em função da idade.
 
Esta descoberta foi utilizada para estimar a distribuição da idade da menopausa numa amostra de 3.384 mulheres, entre os 50 e os 70 anos, o que permitiu aos investigadores desenvolver um modelo baseado nos níveis de HMA e na idade para prever o momento da menopausa em cada mulher.
 
Van Disseldorp afirmou que os resultados deste estudo devem ser confirmados por investigações posteriores, embora reconheça que a única maneira de determinar a sua exactidão seja analisar hoje os níveis de HMA em mulheres entre os 25 e os 35 anos e esperar que entrem na menopausa para confirmar o estudo agora realizado.

Fonte: Lusa: Abril 2010

Diagnóstico Genético (Pré-Implantacional)

Através desta técnica é possível evitar a transmissão de doenças genéticas incompatíveis com a vida ou muito graves, porque são diagnosticadas nos embriões antes de estes serem transferidos para o útero da mãe.

Por exemplo: Síndrome de Down, hemofilia, fibrose quística ou mutações que predispõem a desenvolver certos tipos de cancro (como o da mama), no futuro recém-nascido.

De acordo com o presidente da SPMR, este tipo de diagnóstico “é realizado em hospitais públicos, de que é exemplo o Hospital de S. João no Porto e também em situações de parceria público-privada”.

Esta técnica é indicada em casais com repetidos insucessos em ciclos anteriores de FIV ou ICSI, ou nos casais em que a idade da mulher é superior a 37 anos, pela maior probabilidade de ocorrência de abortos de repetição ou de gerarem fetos cromossicamente anormais.

A nova lei de PMA permite, excepcionalmente, a escolha do sexo do futuro bebé nos casos em que “haja risco elevado de doença genética ligada ao sexo, e para a qual não seja ainda possível a detecção por dia-gnóstico pré-natal ou diagnóstico genético pré-implantação” (como é o caso da hemofilia).



Técnicas de PMA.

Inseminação Artificial

Consiste na colocação artificial do sémen na cavidade uterina. O processo desenrola-se em três fases:
1.ª: É a estimulação ovárica e dura aproximadamente 10 dias;
2.ª: É a preparação do sémen, em que se seleccionam os espermatozóides móveis com maior capacidade de fecundar os óvulos;
3.ª: Diz respeito à inseminação propriamente dita, que é realizada no consultório, sem anestesia.
Após a inseminação, feita através de uma cânula plástica, a mulher repousa alguns minutos. 


Num primeiro ciclo, a taxa de sucesso é de 20% a 25 % mas a taxa acumulada, depois de quatro tentativas, sobe para os 60%.

Destas gestações, cerca de um terço dá origem a gémeos.

Fecundação in Vitro (FIV)

Em meio laboratorial, os espermatozóides são colocados em contacto com os óvulos, de forma que ocorra a junção das células, ou seja, a fecundação.

A FIV desenrola-se em cinco fases:
1.ª: É a estimulação hormonal, durante 10 dias;
2.ª: É a extracção dos óvulos, mediante anestesia local ou sedativos;
3.ª: É a inseminação (junção dos espermatozóides e óvulos);
4.ª: É o cultivo dos embriões (óvulos fecundados), de forma controlada durante alguns dias, para melhorar a sua capacidade de implementação;
5.ª: Última fase, corresponde à transferência dos embriões para o útero da mulher.
Normalmente, transferem-se apenas dois ou três embriões, de forma a limitar a possibilidade de gravidez múltipla.

A escolha de um método mais complexo mas também mais eficaz, como a FIV, depende de vários factores. Por exemplo, tentativas infrutíferas com o método anterior ou a idade avançada da mulher.

Este é também um método mais invasivo, que requer uma maior estimulação ovárica (necessária à extracção de óvulos), mas a eficácia pode chegar aos 60% no primeiro ciclo, conseguindo-se taxas superiores em ciclos posteriores.


Micro-injecção (ICSI)

A micro-injecção intracitoplasmática (ICSI) é uma das técnicas que melhor exprime o “estado da arte” na procriação medicamente assistida e pode ser considerada um submétodo da FIV.

Uma das principais diferenças é que um único espermatozóide vivo é destinado a cada óvulo, e injectado directamente no seu interior, o que exponencia a eficácia da fertilização.
 
Esta técnica permite gerar vida a partir de espermatozóides imóveis, em quantidade ou qualidade insuficiente para uma fecundação “normal”, já que são muitas vezes extraídos directamente dos testículos.

PMA

Em certos casos de infertilidade, a Procriação Medicamente Assistida constitui das poucas soluções possíveis para ter filhos.

Em alguns casos, o tratamento limita-se à prescrição de fármacos ou intervenções cirúrgicas específicas para corrigir, por exemplo, certas anomalias anatómicas que estão na causa da infertilidade. Só quando os problemas do casal não se resolvem por estas vias é que são usadas técnicas de PMA.

A Organização Mundial de Saúde considera a infertilidade uma doença, que outorga às pessoas o direito a serem tratadas.

De acordo com o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, João Silva Carvalho, nos hospitais públicos os tratamentos são gratuitos, mas “o tempo de espera é variável conforme a região do país”, por outro lado e para “alguns sectores do Estado, e companhias seguradoras, a infertilidade não é doença e as pessoas que necessitam de tratamentos têm de os custear inteiramente do seu bolso, independentemente de terem um subsistema de saúde ou um seguro de doença”, afirma o professor de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina do Porto.

A lei regulamenta as técnicas até aqui já utilizadas e determina as condições de admissão dos beneficiários.

“Só as pessoas casadas (…) ou as que, sendo de sexo diferente, vivam em condições análogas às dos cônjuges há pelo menos dois anos podem recorrer a técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA).”

Ou seja, a lei inclui os casais que vivam em união de facto, mas exclui as mulheres solteiras e as pessoas do mesmo sexo.